Casas Bahia: a história de uma das maiores redes de varejo do Brasil 

Conheça a história e a trajetória de Samuel Klein, fundador da maior rede de varejo do Brasil.

A trajetória da Casas Bahia é uma das mais emblemáticas do varejo brasileiro. Mais do que uma rede de lojas, ela se tornou símbolo de consumo popular, sinônimo de crédito acessível e presença marcante no dia a dia das famílias. Desde o início, sua história começa de forma humilde, com um imigrante que chegou ao Brasil em busca de reconstrução, e se transformou em um dos maiores impérios de vendas parceladas do país. 

Ao longo das décadas, a marca conquistou milhões de clientes, consolidou slogans inesquecíveis e marcou gerações com sua comunicação próxima e direta. No entanto, também enfrentou desafios, polêmicas e precisou se reinventar em meio à digitalização do varejo. 

Assim, compreender sua trajetória é entender não apenas a força de uma marca, mas também a evolução do consumo no Brasil. 

Confira. 

Origens e fundação 

A história da Casas Bahia se confunde com a trajetória pessoal de seu fundador, Samuel Klein. Nascido em 1923, na Polônia, Samuel viveu uma juventude marcada pela tragédia da Segunda Guerra Mundial. Durante a ocupação nazista, ele foi levado para o campo de concentração de Maidanek, onde trabalhou de forma forçada em condições desumanas. Sobreviveu ao Holocausto, mas perdeu parte de sua família nesse período de horror. 

Depois disso, tentou emigrar para os Estados Unidos, mas não obteve visto. Consequentemente, encontrou no Brasil a chance de reconstruir sua vida, chegando em 1952 com sua esposa e filho. Estabeleceu-se em São Caetano do Sul, no ABC paulista, e começou a trabalhar como mascate, vendendo de porta em porta roupas de cama, mesa e banho. Seus principais clientes eram retirantes nordestinos que haviam migrado para São Paulo em busca de trabalho. 

Foi justamente em homenagem a esses fregueses, muitos vindos da Bahia, que Klein batizou sua primeira loja como Casas Bahia. Desde então, a marca nascia ligada à ideia de proximidade, acolhimento e acesso ao consumo popular. 

O diferencial do crédito 

Em 1957, Samuel Klein deu o primeiro grande passo para transformar sua atividade de mascate em um negócio estruturado: abriu a primeira loja física da marca. Desde o início, o grande diferencial da Casas Bahia foi a forma de pagamento. Em um país em que boa parte da população não tinha acesso a crédito bancário, vender a prazo significava permitir que famílias de baixa renda realizassem o sonho de adquirir bens duráveis. 

A partir daí, o sistema de crediário próprio foi rapidamente incorporado à estratégia da empresa. Com parcelas acessíveis e prazos estendidos, a Casas Bahia se aproximava ainda mais de seu público-alvo, construindo uma relação de confiança e fidelidade. Esse modelo não apenas gerou inclusão de consumo, mas também consolidou a marca como referência de acessibilidade no varejo. 

Mais tarde, nos anos 1970, a empresa deu um passo ainda mais ousado ao criar sua própria financeira. Isso permitiu maior controle sobre as operações de crédito e impulsionou o crescimento acelerado da rede, que se tornou sinônimo de compra parcelada no Brasil. 

Expansão e popularização 

Com a consolidação do crediário como diferencial, a Casas Bahia deu início a um processo acelerado de expansão. Nos anos 1960, o portfólio passou a incluir eletrodomésticos, como geladeiras e televisores, produtos que simbolizavam status e melhoria da qualidade de vida para muitas famílias. Dessa forma, a rede se posicionou como a principal porta de entrada para o consumo de bens duráveis no Brasil. 

Entre as décadas de 1970 e 1990, a empresa ampliou sua presença para diversos estados, incluindo Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Esse avanço nacional foi acompanhado por forte investimento em publicidade, ainda que inicialmente Samuel Klein resistisse à ideia. O slogan “Dedicação total a você” tornou-se um marco da comunicação da marca, reforçando a proximidade com o consumidor. 

Na virada para os anos 2000, a Casas Bahia já somava centenas de lojas e milhões de clientes cadastrados. As campanhas publicitárias ganharam rostos famosos, como Pelé, Gugu Liberato e Faustão, e o bordão “Quer pagar quanto?”, dito por Fabiano Augusto, tornou-se um dos mais icônicos da publicidade brasileira. 

Fusões e consolidação 

O ano de 2009 marcou uma virada estratégica para a Casas Bahia. Nesse período, a empresa se uniu ao Ponto Frio, em um movimento que deu origem à Via Varejo, sob o controle do Grupo Pão de Açúcar. Com isso, a fusão consolidou uma das maiores empresas de varejo do Brasil, ampliando a presença nacional e fortalecendo a capacidade de negociação com fornecedores. 

Ao mesmo tempo, a relação com o Grupo Pão de Açúcar foi decisiva na profissionalização da gestão, mas também trouxe desafios de integração cultural e operacional. Poucos anos depois, a família Klein voltou a assumir papel de destaque na companhia, garantindo a manutenção de sua identidade histórica. 

Outro ponto fundamental nessa fase foi a parceria com o Bradesco, que viabilizou grande parte das operações de crédito. Graças a isso, o apoio financeiro ajudou a sustentar o modelo de vendas parceladas em larga escala, mantendo a Casas Bahia fiel à sua essência de acessibilidade. 

Casas Bahia hoje 

Atualmente, a Casas Bahia é uma das maiores redes de varejo do Brasil. São mais de 750 lojas espalhadas em quase todos os estados, com presença marcante nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. A empresa emprega dezenas de milhares de colaboradores, consolidando-se como uma das maiores empregadoras do setor. 

Além disso, o público-alvo segue concentrado nas classes C, D e E, mantendo a tradição de oferecer crédito acessível e produtos que atendem às necessidades da base da pirâmide social. Paralelamente, a marca tem buscado modernizar sua atuação, investindo fortemente na transformação digital e no e-commerce, para competir em um cenário cada vez mais dominado pelas vendas online. 

Em 2020, a Casas Bahia remodelou o mascote Baianinho, figura icônica da publicidade nacional. A mudança gerou debates entre consumidores, mas refletiu o esforço da marca em se conectar com novas gerações e atualizar sua imagem. 

Controvérsias e legado 

Apesar de sua trajetória empresarial notável, a imagem de Samuel Klein e da própria Casas Bahia foi marcada por polêmicas. Em 2021, vieram à tona denúncias graves contra o fundador envolvendo abusos cometidos ao longo de décadas. Como consequência, as revelações impactaram a reputação do empresário e trouxeram à tona debates sobre como lidar com o legado de líderes empresariais que, ao mesmo tempo em que construíram impérios, também estiveram envolvidos em práticas condenáveis. 

Por outro lado, a empresa buscou se distanciar dessas acusações, reforçando seu compromisso com valores de ética e responsabilidade social. Ao longo dos anos, a marca investiu em programas de inclusão e modernização, tentando consolidar uma identidade voltada ao futuro. 

Ainda assim, é inegável que a Casas Bahia ocupa um papel central na história do varejo brasileiro. Mais do que uma rede de lojas, tornou-se parte da memória afetiva de milhões de consumidores e ajudou a moldar a forma como as famílias brasileiras acessam bens duráveis e crédito. 

Uma história para contar… 

A trajetória da Casas Bahia reflete a evolução do varejo popular brasileiro. De um lado, um mascate que chegou ao país após a guerra e construiu uma das maiores redes do setor. De outro, uma marca que hoje precisa se reinventar diante das transformações digitais e das exigências de consumidores cada vez mais conscientes. 

Portanto, a empresa se consolidou como sinônimo de crédito acessível e consumo para milhões de famílias. Ao mesmo tempo, enfrenta o peso de polêmicas ligadas ao seu fundador, o que reforça a dualidade entre conquistas empresariais e controvérsias pessoais. 

Por fim, o futuro da Casas Bahia dependerá da capacidade de se reinventar, manter relevância digital e preservar a confiança de seus clientes. Sua história mostra que inovação, proximidade com o público e adaptação às mudanças são pilares que sustentam grandes marcas. 

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